Doses maiores

11 de fevereiro de 2016

Carnaval e loucura econômica

Enquanto pulávamos o carnaval, a economia mundial ficou de pernas para o ar. Bolsas despencando, fugas de capitais, bancos com números ruins, desconfianças sobre a economia chinesa.

Uma das consequências dessa situação foi a queda dos juros em economias importantes do planeta. Os Bancos Centrais já colocaram US$ 6 trilhões em títulos com rentabilidade negativa. Ou seja, o investidor compra papéis da dívida pública de países como Japão, Suécia, Suíça e Dinamarca sabendo que vai ter prejuízo.

A medida pretende afastar os investidores da especulação financeira e estimular a aplicação de seus recursos em negócios que aqueçam a economia real. Mas é provável que eles prefiram embolsar o prejuízo. Por que alguém faria isso? Quem responde é Vinicius Torres Freire, em sua coluna de 10/02, na Folha:

Porque as opções parecem piores. Bancos, seguradoras ou fundos de pensão não podem guardar bilhões no cofre. Bancos podem considerar que não vale a pena emprestar a clientes ou fazer outra aplicação mais rentável, mas perigosa, dado o alto risco de calote numa economia deprimida. Ou consumidores e empresas podem estar meio falidos ou avessos a dívidas. Ou pode ser que se acredite em taxas ainda mais negativas...

E o colunista conclui:

Apesar dos juros negativos, se faz pouco negócio na Europa e no Japão. Há deflação ou risco disso: queda de preços, em suma queda de salários, medo de mais crise. Os salários caem no Japão desde 2012. Trata-se de uma forma amena de doenças graves vistas na Grande Depressão dos anos 1930.

As loucuras do carnaval terminaram. As da crise de 2008 estão longe do fim.

Leia também: A China, as coisas e suas sombras

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