Doses maiores

9 de dezembro de 2015

Rio: cidade olímpica, cidade para poucos

O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro acaba de lançar o Dossiê Megaeventos e Direitos Humanos no Rio de Janeiro. Trata-se de um levantamento detalhado das violações dos direitos humanos causadas pelos megaeventos, desde a Copa do Mundo de 2014.

O foco agora são as Olimpíadas 2016, envolvendo moradia, transportes, trabalho, esporte e segurança pública, entre outras questões.

O irônico é que uma das primeiras vítimas dos Jogos foi o próprio esporte. O estádio de atletismo Célio de Barros, pertencente ao complexo do Maracanã, por exemplo, foi fechado em 2013.

Desde então, as cerca de 800 pessoas que frequentavam suas instalações diariamente estão sem onde treinar e competir. A grande maioria formada por atletas sem dinheiro para acessar clubes e academias.

Mais de 22 mil famílias já foram removidas de maneira autoritária e injusta. Deslocadas para abrir espaço a projetos imobiliários de alto luxo ou centros comerciais e empresariais.

Segundo o documento, o orçamento da Olimpíada alcançaria RS 38,7 bilhões de reais. Mais de R$ 10 bilhões acima do orçamento da Copa do Mundo, que construiu 12 arenas superfaturadas e voltadas para a elite.

O dossiê também mostra que o poder público entra com a maior parte desses recursos. De fato, como aconteceu em outras sedes olímpicas, os Jogos são um pretexto para privatizar os espaços públicos e expulsar os mais pobres de áreas posteriormente entregues à especulação imobiliária.

Talvez inspirados no Olimpo dos deuses gregos, os três níveis de governo tentam tornar a cidade do Rio de Janeiro um lugar confortável apenas para alguns poucos poderosos.

Baixe o dossiê aqui.

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