Doses maiores

14 de março de 2016

PT e PMDB. Migalhas e cusparadas

Em 30/10, o PMDB lançou o documento “Uma ponte para o futuro”. Deveria se chamar “Ponte para o atraso neoliberal”. Não à toa, Folha e Globo gostaram. E compararam a proposta à “Carta aos Brasileiros”, lançada por Lula em 2002.

Basicamente, a carta petista prometeu respeitar o essencial do neoliberalismo. Em especial, o pagamento da pornográfica dívida pública, que sangra os orçamentos das áreas sociais todos os anos. Como o cumprimento da promessa ficou ameaçado nos últimos meses, os peemedebistas se propõem a renová-la.

Afinal, os dois jornalões consideraram a proposta positiva no que diz respeito à “política econômica”. Por política econômica entenda-se manter o pagamento diário de mais de R$ 1 bilhão somente em juros da dívida pública.

Os pilares da tal “ponte” são o fim dos gastos obrigatórios com saúde e educação e a idade mínima para a aposentadoria. A primeira medida diminuiria o “engessamento” do orçamento federal, dizem os jornalões. É verdade. No lugar do gesso, a fratura exposta dos serviços públicos. Já quanto à aposentadoria, mais uma vez as mudanças pretendem atacar direitos dos trabalhadores.

Para a Folha a proposta permitiria ao PMDB “apresentar-se, em algum momento, como alternativa viável de poder”. Só teria que se livrar do fisiologismo que empesteia o partido. Como isso é impossível, o Globo sugere que o PT assuma a proposta.

Incapazes de resistir às pressões vindas de cima, é muito provável que os petistas aceitem a empreitada. Para permitir travessia segura para o grande capital, assumiriam a construção da “ponte” peemedebista. Sob ela, ficariam os explorados de sempre. Agora, a receber mais cusparadas que migalhas.

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