Doses maiores

3 de junho de 2015

Entre a sujeira da Fifa e um juiz muito suspeito

O recente escândalo envolvendo a Fifa e Joseph Blatter tem origem na enorme mercantilização do futebol, com a inevitável corrupção de seus gestores. Mas todo este processo deve muito ao brasileiro João Havelange, presidente da Fifa por 24 anos antes de fazer Blatter seu sucessor.

Em uma passagem de
seu livro “Futebol ao sol e à sombra”, Eduardo Galeano cita
Havelange falando a um grupo de “homens de negócios”, em 1994: “Posso afirmar que o movimento financeiro do futebol chega, anualmente, à soma de 225 bilhões de dólares”. Na ocasião, Havelange comparou a soma aos 136 bilhões lucrados pela General Motors para dizer que o “futebol é um produto comercial que se deve vender o mais sabiamente possível”.

Desde então, a “sabedoria” inventada por Havelange e cultivada por Blatter tem se mostrado cada vez mais rentável. A comparação com a General Motors é que não faz muito sentido. A Fifa só fatura o que fatura e permite as roubalheiras que permite porque encontra generosos patrocinadores. Principalmente, entre grandes empresas como a GM, incluindo os bancos e a grande mídia, ainda que os governos façam sua parte.

Havelange chegou aonde chegou graças às articulações políticas da ditadura militar brasileira junto aos outros governos, ditadores ou não. Ele e Blatter permaneceram onde estavam graças aos governos seguintes e ao apoio econômico do grande capital.

Por isso mesmo, tudo indica que se repetirá a velha marmelada: alguns corrompidos punidos, todos ou quase todos os corruptores poupados. Tudo isso sujeito ao apito do mais sujo dos juízes: o aparato de segurança do imperialismo estadunidense.

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