Doses maiores

6 de abril de 2015

E a maioria explorada mais uma vez se fode

Em 02/04, o Estadão publicou conversa interceptada pela Polícia Federal em que aparece a voz de Paulo Roberto Cortez. Ele é um dos envolvidos nas fraudes da Receita apuradas pela Operação Zelotes. Segundo Cortez: “Quem paga imposto é só os coitadinhos. Quem não pode fazer acordo, acerto (...) se fode”.

Em 06/04, Vinicius Mota afirmou na Folha de S. Paulo que “entre março de 2014 e fevereiro de 2015, o setor público brasileiro pagou R$ 344 bilhões de juros aos credores de sua dívida, ou R$ 1 bilhão a cada 25 horas e meia.”

Apesar disso, nenhuma medida do “ajuste fiscal” proposto pelo governo petista pretende diminuir essa farra. Ao contrário, quer garanti-la, aumentando o superávit primário. Nome pomposo dado aos juros da dívida pública, pagos religiosamente todos os anos há três décadas.

Enquanto isso, já estão em plena vigência medidas que retiram direitos previdenciários de milhões de trabalhadores.

O DIEESE avaliou algumas delas. Segundo a entidade, as perdas começam pelo Seguro desemprego. Antes, 26% dos demitidos não tinham direito ao benefício. As atuais regras passam a excluir 64% dos futuros desempregados. Já o abono anual, deixará de ser pago para 41% dos que teriam direito pela regra anterior. E o acesso à pensão por morte ficou mais difícil, mesmo que mais de 57% desses benefícios paguem apenas um salário mínimo.  

Estamos falando de trabalhadores pobres e seus dependentes. Não de sonegadores graúdos. Estes contarão com excelentes advogados e a continuidade da omissão criminosa da fiscalização. À maioria explorada restará aquilo que Cortez descreveu com tanta clareza. Vai se foder mais uma vez.

Leia também: Causas econômicas da corrupção política

Um comentário: