Doses maiores

2 de fevereiro de 2015

Um oásis libertário e feminista na Síria

Na cidade de Kobane, região da Rojava, no norte da Síria, há um oásis de luta libertária. Ele surgiu quando seus habitantes expulsaram os representantes da ditadura Assad da cidade, em 2011. A partir daí, foram criadas assembleias populares e conselhos compostos paritariamente por curdos, árabes, assírios e armênios cristãos. Todos com representação feminina garantida. Trata-se de uma espécie de comuna anarquista, que tenta armar todos os seus membros para não precisar de polícia, exército e muito menos de um Estado.

Além disso, em pleno mundo islâmico, foi formado o exército feminista “União de Mulheres Livres – Estrela”. Suas integrantes foram responsáveis por grande parte das operações que expulsaram as temidas forças do Estado Islâmico de Kobane, em janeiro passado. Para os “jihadistas”, a derrota foi desastrosa porque desmentiu sua fama de invencibilidade. Mas foi ainda mais doloroso perder para mulheres, a quem desprezam e querem ver oprimidas e não utilizando armas com grande habilidade.

Infelizmente, essa corajosa iniciativa revolucionária deve atrair inimigos de todos os lados. Além dos Estado Islâmico e as potências da região, como a Turquia, também os membros da OTAN. O objetivo da guerra na Síria é substituir uma ditadura por outra. Não permitir que surjam e prosperem comunas libertárias. A experiência curda lembra a Comuna de Paris, o início da revolução dos sovietes e a resistência espanhola contra o fascismo.

Talvez, possa se mostrar tão fundamental como essas outras experiências históricas. Mesmo derrotadas, elas deixaram conquistas que incomodam os poderosos até hoje. Que o oásis curdo faça florescer muitos jardins nos desertos de injustiças em que vivem os povos do mundo.

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