Doses maiores

9 de janeiro de 2015

Salário mínimo, neoliberalismo e cara-de-pau


Arton
Dilma desautorizou seu Ministro do Planejamento a alterar os critérios de reajuste do salário mínimo. Muita gente comemorou a atitude, temendo mudanças para pior. Mas as atuais regras de correção já prejudicam os mais pobres.

Os critérios em vigência foram adotados no governo Lula. Eles preveem reajustes do Mínimo equivalentes ao crescimento do PIB de dois anos antes, mais a correção da inflação.

Em primeiro lugar, o salário mínimo diz respeito ao que os trabalhadores precisam para viver dignamente, não a quanto são capazes de produzir.

Em segundo lugar, já seria um grave erro vincular a remuneração dos explorados à produção controlada pelos exploradores, em qualquer economia capitalista. Em um país que tem uma das maiores concentrações de renda e patrimônio do mundo, trata-se de um crime social.

Os governistas dirão que houve um considerável crescimento da capacidade de compra do Mínimo nos últimos 10 anos. É verdade. Mas os atuais 724 reais estão bem distantes dos mais de R$ 3 mil defendidos pelo Dieese. Além disso, somente em 2014 seu valor real ultrapassou o de 1983.

Ou seja, em plena expansão econômica mundial, levamos mais de uma década para recuperar os patamares salariais de trinta anos atrás. Mas como alegria de pobre dura pouco, já se anuncia que o salário mínimo deve subir 50% menos nos próximos 4 anos devido à queda do PIB.

Resumindo, à diferença entre um PIB monstruoso e um patamar salarial vergonhoso, chama-se superexploração. E ao atrelamento do salário mínimo à produção capitalista, dá-se o nome de neoliberalismo. O resto é cara-de-pau e Bolsa-Família.

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