Doses maiores

9 de dezembro de 2014

Inteligência artificial e imbecilização histórica

Em uma recente entrevista à BBC, o físico britânico Stephen Hawking afirmou que a “Inteligência Artificial” pode acabar com o mundo. Para ele, a evolução desse tipo de inteligência é muito mais rápida que a dos humanos, que, por isso, viriam a ser dominados por ela.

Ocorre que, a rigor, não existe inteligência que não seja artificial. A base sobre a qual as capacidades intelectuais humanas se desenvolvem é biológica. Mas a forma como elas evoluem, se organizam e são utilizadas é determinada por condições histórico-sociais.

Além disso, desde as “inteligências múltiplas” popularizadas por Howard Gardner sabemos que aquilo que chamamos de inteligência é apenas sua dimensão cognitiva. E esta somente predomina porque é a que mais interessa ao modo como o mundo atual está organizado.

Muitas das variadas possibilidades de nossa criatividade mental vêm sendo secundarizadas em favor de algumas poucas, ligadas às atividades mais práticas do cotidiano. Um processo que começou com a Revolução Industrial e não parou mais.

A chamada “economia criativa” limita-se a alguns setores estratégicos, cujo objetivo é pensar novas formas de alcançar o mesmo e velho objetivo: obter lucros. Para cada executivo da Google, por exemplo, há centenas de milhões de trabalhadores executando tarefas estúpidas e degradantes.

A Inteligência Artificial será tanto mais poderosa quanto mais nos deixarmos idiotizar por uma sociedade dominada pelo Capital. O próprio Hawking é prova disso. Na entrevista citada, ele disse temer os riscos causados pela internete. Teria pedido que as “companhias do setor” ajam para combater o terrorismo.

Hawking é um gênio da Física, mas em economia política pode fazer companhia a Homer Simpson.

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