Doses maiores

11 de agosto de 2014

As eleições e a reprodução do velho

Os homens sempre foram, em política, vítimas ingênuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe.

A frase acima é do livro “Que fazer?”, publicado por Lênin, em 1902, na Rússia. Na época, não havia eleições naquele país. Mas a citação ajuda a interpretar alguns números das próximas eleições.

Entre 1994 e 2010, o custo das eleições presidenciais cresceu 85%. Mas em relação às eleições de 1989, quando as doações de pessoas jurídicas eram proibidas, o aumento chega a 1.138%. No mesmo período, o eleitorado brasileiro apenas dobrou.

As candidaturas Dilma, Aécio e Campos receberam 99% das doações. Três empresas bancam 65% da arrecadação: Friboi, Ambev e OAS.

Eleger um deputado federal pode custar até R$ 5 milhões.

Voltando a Lênin, no mesmo livro:

Os partidários de reformas e melhoramentos ver-se-ão sempre enganados pelos defensores do velho, enquanto não compreenderem que toda a instituição velha, por mais bárbara e apodrecida que pareça, se mantém pela força de umas ou de outras classes dominantes. E para vencer a resistência dessas classes só há um meio: encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a luta, os elementos que possam - e, pela sua situação social, devam - formar a força capaz de varrer o velho e criar o novo.

Eleições podem ser um meio importante para criar o novo. Por isso, é necessário disputá-las. Mas as próximas devem apenas reproduzir o velho.

Leia também: A provável vitória eleitoral do neoliberalismo criativo

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