Doses maiores

8 de julho de 2014

Saúde e educação a cargo de mafiosos

Era o que faltava. A Fifa vai deixar um “legado” para a saúde e a educação brasileiras. Trata-se do programa “11 pela saúde”, em parceria com os ministérios da Saúde, Educação e Esportes. É o que mostra a excelente reportagem “O legado da Fifa na saúde e educação”, de Cátia Guimarães, publicada na revista da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, em março passado.

Os detalhes estão na matéria, mas citemos alguns deles bem assustadores. O público-alvo são alunos de 11 e 12 anos de escolas públicas. O material “pedagógico” é conhecido como “Manual do Treinador”. Como o nome diz, trata-se de adestramento e não de educação.

Um exemplo diz respeito à AIDS. O manual recomenda:

Você pode proteger-se do HIV abstendo-se de sexo tanto quanto possível, ser fiel a um (a) parceiro (a) não infectado (a), ou usar um preservativo corretamente todas as vezes que tiver relações sexuais.

Um absurdo! Fidelidade e abstinência sexual são recomendações moralistas e muito ineficientes.

O texto também apresenta os medicamentos como “drogas benéficas”. Somente as drogas “ilegais” seriam “nocivas”. Nenhuma palavra sobre tranquilizantes, que causam dependência e são a sexta droga mais usada no País, à frente de cocaína e crack. Além disso, o álcool, uma das drogas que mais matam, teve sua venda imposta nos estádios pela Fifa. As indústrias farmacêutica e de bebidas agradecem.

O supercambista de ingressos preso recentemente no Rio de Janeiro é ligado à Fifa. O caso mostra a verdadeira especialidade da maior entidade do futebol mundial. Graças ao governo brasileiro, agora essa máfia pode lucrar com outros ramos e trabalhando diretamente com crianças. 

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