Doses maiores

19 de maio de 2014

Os Panteras Negras contra a homofobia

17 de maio foi Dia Mundial contra a Homofobia. Infelizmente, é mais uma daquelas datas com pouco ou nenhum efeito prático. Mas serve para lembrar como é dura a luta contra a perseguição aos homossexuais. Mesmo em setores populares de esquerda esta é uma bandeira pouco respeitada.

Mas há exemplos históricos que são exceção importante a esta regra. Um deles é oferecido pelo Partido dos Panteras Negras, que atuou nos Estados Unidos de 1966 ao início dos anos 1980. As informações são do livro “Praise for Black against Empire”, de Joshua Bloom e Waldo E. Martin, ainda sem edição em português.

Em 1970, os Panteras divulgaram um documento sobre o Movimento Feminista e o Movimento de Libertação Gay assinado por Huey Newton, um de seus fundadores. O texto caracterizou os homossexuais e as mulheres como “oprimidos”, observando que os homossexuais "podem ser considerados as pessoas mais oprimidas da sociedade” e argumentando que todos devem ter “liberdade para usar seu corpo da maneira que quiserem.”

O texto também recomendava aos membros do Partido que evitassem utilizar ofensas como “veado” e “bicha” entre eles próprios e em relação a “inimigos do povo”. “Os homossexuais não são inimigos do povo”, dizia.

Apesar disso, o machismo permanecia forte entre os membros do Partido, segundo o testemunho de lideranças como Angela Davis e Erica Huggins. Uma das razões para esta persistência era a enorme repressão que se abatia sobre a organização. Segundo Erica, os militantes não tinham muito tempo para pensar em machismo e homofobia, pois estavam tentando permanecer vivos.

Esta desculpa nossos partidos e organizações não têm.

Leia também: Panteras Negras: contra a polícia, a legalidade armada

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