Doses maiores

22 de maio de 2014

Futebol para poucos e ricos. E para muitos e pobres

O futebol já não é o esporte das multidões há algum tempo. É o que mostram dados da CBF em relação à média de público no Campeonato Brasileiro: em 2007, eram 17.461 pessoas por jogo. Em 2012, não passou de 12.970. Mas a arrecadação pulou de cerca de R$ 80 milhões para R$ 119 milhões, no mesmo período. Então, para alguns privilegiados a conta fecha, não para o torcedor.

Apesar disso, acabam de ser construídos estádios grandes e caros. Um exemplo é o Mané Garrincha, de Brasília. Depois de gastar mais de R$ 1,4 bilhão de dinheiro público em reformas, o estádio passou a ter capacidade para 71 mil torcedores. Mas, em 2013, o campeonato brasiliense teve média de 1.176 pagantes por partida. Passada a Copa, a nova arena ficará às moscas.

O mesmo vale para quase todos os outros estádios recém-construídos para o torneio mundial de futebol. Mas mesmo que a modernização das arenas compensasse, a quem ela vai efetivamente beneficiar? Não se trata apenas do valor alto dos ingressos. Praticamente, apenas clubes de futebol das séries A e B jogarão neles. O que envolve apenas 40 times, ou menos de 6% do total.

Por outro lado, são quase 31 mil jogadores profissionais no País. Número significativo. Só que 82% deles recebiam até dois salários mínimos em 2012, segundo dados da CBF. Já os que ganhavam acima de 20 salários mínimos, não passavam de 2%.

O futebol é a cara do Brasil, realmente. E a Copa do Mundo vem aí para não deixar dúvidas.

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