Doses maiores

3 de fevereiro de 2014

O hip-hop não precisa de reconhecimento oficial ou profissionalização

Está no Congresso Nacional um projeto de lei que pretende declarar o hip-hop “manifestação de cultura popular de alcance nacional”. Algo parecido com o que aconteceu com o funk no estado do Rio de Janeiro.

Em 2007, uma resolução do secretário estadual de segurança José Mariano Beltrame proibia a realização de eventos de culturais, esportivos e sociais sem a autorização policial prévia em algumas áreas do Rio de Janeiro. O maior alvo da medida eram os bailes funks nos bairros pobres.

Em 2009, entrou em vigor a lei que define o funk como movimento cultural popular. Desde então, o gênero musical passou a ser parte do patrimônio cultural oficial do Rio de Janeiro. A resolução de Beltrame não poderia mais ser aplicada.

Mas os bailes continuam sendo reprimidos pela Polícia Militar. O que não é de se estranhar. Se a polícia mata e executa pobres à revelia da lei, por que respeitaria manifestações culturais?

Outra proposta legislativa relacionada ao hip-hop pretende profissionalizar seus integrantes. Esta é do deputado Romário e é ainda mais complicada. Prevê, por exemplo, criar figuras como o aprendiz e o estagiário de hip-hop!

Por trás dessas propostas há quem queira controlar um movimento cultural que nasceu rebelde. São forças ligadas a governos e ao empresariado, com grande auxílio de ONGs oportunistas. As atividades desenvolvidas pelos adeptos do hip-hop podem ser profissionalizadas sem necessidade de transformá-lo em uma atividade laboral.

Para entender melhor o que está em jogo nessa questão, acesse o documento do coletivo Lutarmada, aqui. “Por um Hip Hop autônomo e combativo”.

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