Doses maiores

12 de fevereiro de 2014

O Corão e o pluralismo religioso

Em 11/02, completaram-se os 35 anos da revolução iraniana. A imagem construída pela grande mídia é a de um país em que apenas os muçulmanos teriam liberdade religiosa. Independente do quanto isso é verdade, o islamismo não autoriza essa interpretação.

É o que diz Reza Aslan em seu livro “No god but God”. Segundo ele, secularismo não é o mesmo que secularização. Citando o teólogo protestante Harvey Cox, o autor diz que secularização é o processo pelo qual “certas responsabilidades passam das autoridades religiosas às autoridades políticas”. Seria uma evolução histórica em que a sociedade se liberta gradualmente do “controle religioso e de visões de mundo fechadas em sua metafísica”.

Já o secularismo, é uma ideologia baseada na erradicação da religião da vida pública. Um exemplo de país secular seria a Turquia, onde sinais exteriores de religiosidade, como o véu islâmico, são proibidos. Por outro lado, os Estados Unidos são um país secularizado, afirma Aslan. Há quase duzentos anos Alexis de Tocqueville já havia dito que a religião é a base do sistema político americano. Ela não só reflete os valores sociais americanos, mas muitas vezes os impõe, diz o autor.

Para Aslan, o que define a democracia é o pluralismo, e não o secularismo. E, segundo ele, o islamismo sempre teve compromisso com a diversidade religiosa. Entre as escrituras das grandes religiões, poucas podem superar o respeito com que o Corão fala de outras tradições religiosas. Para demonstrar, o autor cita um verso “indiscutível”: “Não pode haver compulsão na religião”.

Deus pode ser único, diz Aslan, mas o islamismo jamais pretendeu ser a única religião.

Leia também: As origens igualitárias da fé muçulmana

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