Doses maiores

10 de fevereiro de 2014

Dívida Pública: historinha sem nenhuma moral

Vamos usar o modelo preferido dos neoliberais para relacionar a dívida pública à desigualdade social brasileira. Imagine uma família com seis filhos. Cinco deles e a mãe passam fome. Enquanto isso, um dos filhos e o pai vivem no maior luxo.

Essa mesma família tem guardados R$ 300 mil. Mas ninguém pode mexer nesse dinheiro. Ele está reservado para pagar os juros de uma dívida contraída pelo pai junto a agiotas vigaristas. O pagamento precisa ser honrado mesmo que a maior parte da família passe fome.

Esta é a situação da dívida pública brasileira, atualmente em R$ 2,3 trilhões. Somente o pagamento de seus juros ficará com 42% dos recursos do orçamento público em 2014. Enquanto isso, para a saúde irão menos de 4%, a educação ficará com pouco mais de 3% e os transportes, 1%.

Para rolar dessa dívida, o governo vende títulos que pagam os maiores juros do planeta. São corrigidos pela taxa Selic, que está em 10,5%. Segundo um estudo de Marcio Pochmann divulgado em 2009, apenas 20 mil famílias brasileiras detém 80% desses papéis tão rentáveis.

Mas o que pouca gente sabe é que taxa de juros paga pela dívida pública é ainda maior. Ela é resultado da diferença entre os altos juros pagos pelo Tesouro a seus devedores e os juros módicos que cobra nos empréstimos que faz ao setor privado. O resultado é uma taxa de estratosféricos 19,8%!

Ou seja, enquanto quase toda a família passa fome, o pai nada em dinheiro, engorda o agiota e ainda empresta bem barato a grandes empresários. Moral da história? Não tem nenhuma.

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