Doses maiores

11 de outubro de 2013

Fomos colonizados por negros. No bom sentido

Em 08/10, o escritor Luiz Ruffato fez um discurso corajoso na abertura da Feira do Livro de Frankfurt. Afirmou que o Brasil nasceu sob o domínio do genocídio e que nossa “democracia racial” é resultado de estupro. Estava referindo-se, principalmente, ao racismo que atinge negros e indígenas no País.

Ajuda a entender melhor a denúncia de Ruffato assistir aos seis vídeos da entrevista que o Instituto Lula fez com o historiador Luiz Felipe de Alencastro. O tema, “As relações do Brasil e África desde a escravidão”.

Apesar do entusiasmo equivocado do professor com a entrada do governo brasileiro no continente africano, o depoimento vale por chacoalhar o senso comum. Por exemplo, o mito de que o Brasil é produto da imigração europeia.

“Até 1850, entraram no Brasil oito vezes mais africanos do que portugueses”, diz Alencastro. Por isso, o historiador afirma que fomos mais “colonizados pelos negros” que por europeus. Não no sentido da dominação, mas como influência cultural e de costumes.

Apesar disso, o evento de Frankfurt tem apenas um escritor brasileiro negro entre os 70 selecionados. É Paulo Lins, que considerou a seleção racista. Além dele, só o descendente de índios, Daniel Munduruku.

Os organizadores da lista alegam que o critério étnico não foi considerado. Isso mostra que o Brasil não é visto como um país racista. Um lugar em que os não brancos têm condições de vida muito piores e são muito mais desrespeitados. Sem falar na mortalidade bem mais elevada.

Esta invisibilidade do racismo é uma vitória da classe dominante brasileira. Ela garante que louvemos a colonização genocida e desprezemos a cultural.

Veja a entrevista de Alencastro, aqui

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