Doses maiores

9 de agosto de 2013

A luta de um padre contra a intolerância religiosa

“Jihadista significa um fiel muçulmano que é obediente à ordem divina de se comprometer com a luta pela justiça, inclusive militarmente”. Estas palavras foram ditas pelo padre católico Paolo Dall'Oglio, em abril passado, em uma reunião realizada em Roma, na Itália.

Referem-se aos adeptos do Jihad, conceito islâmico que pode ser traduzido por “esforço” ou “empenho”. Costuma ser traduzido pelos imperialistas como “ódio” ou “fanatismo” sangrentos para justificar sua perseguição aos povos muçulmanos.

Há 30 anos, vivendo na Síria, Dall'Oglio luta pela convivência pacífica entre as três religiões abraâmicas no país e na região. Ou seja, entre judeus, cristãos e muçulmanos, que teriam como patriarca comum o personagem bíblico Abraão.  

Em 2012, Dall’Oglio foi expulso da Síria por apoiar a luta contra a ditadura Assad. Voltou ao país recentemente e foi sequestrado pelo que a imprensa internacional considera ser uma versão síria da Al Qaeda.

O padre não deixa dúvidas quanto ao que pensa do governo sírio. Chegou a comparar a luta contra o regime à resistência italiana contra o fascismo. Mas reconhece que na guerra que sangra a Síria a maior vítima tem sido o povo. Os principais responsáveis, o imperialismo e Assad.

Antes de desaparecer, Dall'Oglio enviou uma carta aberta ao Papa Francisco. Pedia que o pontífice lidere uma “iniciativa diplomática” pelo fim do regime, manutenção da unidade nacional com diversidade religiosa e fim dos “extremismos armados”.

Talvez, a proposta seja ingênua. Dificilmente, o Vaticano se meterá nessa confusão, pisando nos calos de potências imperialistas. Mas eis aí um sacerdote que faz bem mais do que sorrir para as multidões e beijar criancinhas.

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