Doses maiores

10 de maio de 2013

A suave xenofobia oficial a serviço do capital

Levantamento divulgado em abril pelo Conare (Comitê Nacional para Refugiados), do Ministério da Justiça, mostra que o número de estrangeiros que solicitam refúgio no Brasil mais que triplicou nos últimos três anos.

O dado é da reportagem “Entrada de estrangeiros pouco qualificados divide governo” de Camilla Costa, publicada pela BBC Brasil, em 07/05. Ela diz que setores do governo brasileiro concordam quanto a atrair “estrangeiros altamente qualificados” para o País, “mas divergem quando se trata da mão de obra pouco qualificada”.

O problema é que refugiados, em geral, não são “qualificados”. E de que qualificação se trata? Daquela que serve ao mercado. Deve ser por isso que o secretário de Ações Estratégicas do governo, Ricardo Paes de Barros, defende a criação de limites para a admissão de estrangeiros. Mas não de todos. A coisa é diferente em relação a estrangeiros “qualificados”: "Queremos que eles possam vir a qualquer hora, carregá-los no colo", diz Barros.

Mas há gente no governo que admite a importância dos menos qualificados. O presidente do Conare e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, afirma que cada vez mais empresários aproveitam essa “mão de obra animada”. Essas pessoas “com muita disposição ao trabalho, que querem contribuir para o desenvolvimento do país".

O fato é que estrangeiros são bem vindos desde tenham serventia para a produção de mercadorias. Já estas, têm total liberdade para circular, assim como os investimentos que as viabilizam. As atitudes do governo não chegam a caracterizar o preconceito contra estrangeiros conhecido como xenofobia. É só uma variação suave dela, adaptada aos interesses do capital.

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