Doses maiores

12 de março de 2013

Não há ditadura gay. Nem evangélica

Quando o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH) da Câmara a revolta foi grande e justa. O parlamentar é conhecido por suas posturas extremamente reacionárias.

O sacerdote da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento já chamou os negros de “descendentes amaldiçoados de Noé”. Disse que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição”.  Também é favorável à criminalização de rituais religiosos de origem africana. E está sendo processado por estelionato no Supremo Tribunal Federal.

Diante das fortes reações negativas, ele reclamou de uma suposta “ditadura gay”. Por outro lado, há quem identifique na eleição de Feliciano para a Comissão mais um lance de uma suposta “ofensiva evangélica” contra a sociedade.

Melhor ir devagar com o andor. Vários setores religiosos pregam a intolerância e a perseguição contra minorias. Entre eles, muitos católicos. Mas não devemos confundir alguns sacerdotes fascistas com seus fiéis. Transformar essa questão numa guerra aos religiosos é tudo o que os conservadores querem.

Há várias tendências religiosas que não concordam com o pastor Feliciano. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil repudiou sua eleição, por exemplo. Pediu seu afastamento da presidência da CDH.

Isso não livra essas instituições de serem cúmplices no fortalecimento do conservadorismo que criou líderes como Feliciano. Elas só devem estar avaliando que a truculência do pastor mais atrapalha que ajuda sua causa.

A religião fica realmente perigosa quando se institucionaliza. Nesse caso, sempre se alia aos poderosos na defesa da maior das ditaduras, a dos interesses do capital. Esta sim nosso alvo principal.

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