Doses maiores

26 de fevereiro de 2013

Bento 16: a opção pelos ricos e pelo Nada

Os jornais comentam os chamados “Vatileaks”. Trata-se de uma série de documentos secretos que vazaram do Vaticano. Eles revelariam uma ampla rede de corrupção, envolvendo dinheiro, sexo, intrigas e tanta sujeira que teriam levado à renúncia de Bento 16.

Mas o artigo “Bento XVI: uma renúncia estratégica”, de Dermi Azevedo, apresenta uma explicação que vai mais fundo na crise da Igreja Católica. Publicado em 20/02 pela Carta Maior, o texto lembra o papel dos dois últimos papas na derrota da Teologia da Libertação nos anos 80 e 90 e conclui:

Eleito Papa, Bento XVI tratou de concretizar em nível global a ofensiva conservadora. Seu laboratório anterior havia sido a Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Santa Inquisição) onde havia comandado os processos de expurgo de teólogos como Leonardo Boff e Jon Sobrino. De um momento para outro, a Igreja deixou de ser uma das principais referências para a produção de sentido na sociedade. Entrou em descompasso, mesmo que fosse para polemizar, com a pós-modernidade. Retomou antigos costumes que lhe foram úteis na época da Cristandade, mas que se revelaram incompatíveis com a dinâmica de um mundo em rápida mutação de valores e em plena revolução tecnológica. A linha política adotada pelo Papa afastou da cúpula da Igreja os seus quadros progressistas e a distanciou das massas empobrecidas no mundo.

Ou seja, a cúpula católica estaria pagando o preço por sua opção pelos ricos. Uma escolha que a isolou da maioria formada pelos explorados, únicos capazes de arrancar algum sentido da realidade através de suas lutas contra o capitalismo. Por trás da renúncia papal, o Nada.

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