Doses maiores

21 de fevereiro de 2013

A hora muito escura do imperialismo

O filme “A hora mais escura”, de Kathryn Bigelow, dramatiza o assassinato de Osama Bin Laden por forças militares americanas em território paquistanês, em maio de 2011. Um de seus aspectos polêmicos seria a abordagem da tortura como mal necessário no combate ao terrorismo.

De fato, a produção mostra os torturadores estadunidenses como pessoas racionais e equilibradas. A própria heroína, bela e fisicamente delicada, assiste às sessões de espancamento como se fossem apenas um interrogatório um pouco mais rigoroso.

Os torturados, por sua vez, comportam-se como se realmente tivessem informações importantes a esconder. Principalmente, sobre ataques terroristas contra alvos civis. Essa impressão é confirmada quando a possibilidade de um ataque a um hotel se concretiza.

O filme de Bigelow dá destaque à suspensão do uso da tortura pelo governo Obama. Mas o maior problema do filme é tratar a tortura como um método de investigação. É muito improvável que pessoas brutalizadas forneçam informações precisas ou úteis.

Na verdade, tortura e terrorismo têm o mesmo objetivo: provocar pânico e intimidação. Ambos se diferenciam nos resultados e se igualam na covardia. A tortura é pior, pois continua a atingir suas vítimas depois de sua rendição e captura.

A tortura pode até ter deixado de ser praticada pelas forças militares americanas. O mesmo não podemos dizer da lógica aterrorizadora e covarde que a justifica. Agora, na forma de aviões não tripulados que matam civis por controle remoto.

A escuridão se abate sobre todos os envolvidos nessa longa guerra sangrenta. Mas o imperialismo americano comporta-se como uma estrela da morte. Sua pesada gravidade rouba luz e gera destruição e trevas.

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