Doses maiores

22 de janeiro de 2013

A triste alegria que o dinheiro compra

Nos Estados Unidos, as empresas de cartões de crédito diminuem os limites de gastos de seus clientes quando eles se divorciam. As empresas alegam que recém-separados começam a ter problemas para pagar suas dívidas. Esta informação é de Alexandre Rodrigues em matéria publicada no Valor em 18/01.

A reportagem tem por título “Tristeza não tem fim, dinheiro sim” e fala de estudos que mostrariam que “pessoas tristes têm mais problemas com as finanças pessoais, dívidas do cartão de crédito e financiamentos, empréstimos e seguros duvidosos”.

Basicamente, trata-se de algo facilmente observável no cotidiano. Pessoas tristes começam a gastar para obter satisfação, prazer, alegria imediatos e concretos. A matéria cita vários estudos que comprovariam essa hipótese.

O mais sério disso tudo é a identificação do consumo com felicidade. Algo que se mostra ainda mais grave num momento da história humana em que a maioria acredita que a tristeza deve ser banida de nossas vidas. Felicidade como obrigação não pode ser felicidade.

Tudo indica que este é um fenômeno cada vez mais comum em nossa vida social. É o sintoma de que as relações humanas são cada vez mais intermediadas pelas coisas. Mais precisamente, pelas mercadorias. Marx já havia denunciado isso. Chamou de “fetichismo da mercadoria”. Trata-se de uma lógica social que esvazia de sentido a vida humana.

Mas nem por isso o revolucionário alemão achava que estávamos fadados a viver assim. Morreu acreditando que somos muito melhores que isso. E que poderíamos colocar tudo de cabeça pra baixo através da ação revolucionária. Portanto, nada de tristeza. Até porque chega uma hora em que o crédito acaba.

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