Doses maiores

21 de outubro de 2012

A Grécia como laboratório da extrema-direita

A Grécia continua sendo um país a ser olhado com atenção na atual crise econômica mundial. Principalmente, pela capacidade de resistência de seu povo.

Nos últimos dois anos, já foram 20 greves gerais. Não apenas contra a miséria e o desemprego. Também é uma forma de impedir as saídas conservadoras. Infelizmente, a maior parte da esquerda grega continua priorizando a saída institucional.

O atual governo é socialista e tenta manter o país na zona do Euro, mesmo que isso signifique ainda mais sacrifícios para os trabalhadores. O pior é que os socialistas vêm cedendo ao discurso conservador de forma nojenta.

É o caso do ministro Michalis Chrisochoidis, que defende a construção de um muro na fronteira com a Turquia para impedir a entrada ilegal de imigrantes. Enquanto isso, o partido neonazista “Amanhecer Dourado” joga na ofensiva. Sua deputada Elena Zaroulia, por exemplo, vem chamando os imigrantes de “sub-humanos” e “portadores de doenças”.

O próprio aparato estatal faz o jogo do inimigo. É o que declarou o historiador Tassos Kostopoulos, na reportagem “Grupo de extrema direita ganha espaço com problemas da Grécia”, publicada pelo New York Times, em 24/04. Segundo ele, “historicamente, o Amanhecer Dourado tem relações com o Estado grego, em especial com a polícia”.

É por isso que Nicos Demertzis, cientista político da Universidade de Atenas, declarou na mesma reportagem: "Neste momento, a sociedade grega é um laboratório da evolução da extrema-direita".

Uma vitória do fascismo na Grécia seria um péssimo sinal. Consequência trágica de um erro já cometido antes na história: a confiança cega na democracia dos gabinetes e palácios.

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