Doses maiores

5 de setembro de 2012

Livre comércio, guerras na certa

Há raciocínios que parecem fazer todo o sentido e não fazem. Um bom exemplo está num artigo de Hélio Schwartsman, publicado na Folha em 01/09. Ele diz que com a “entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio, a entidade passou a englobar todas as potências do planeta”. 

Daí, o autor tira a seguinte conclusão: “o comércio foi, e provavelmente ainda é, uma das principais forças de manutenção da paz mundial”. E justifica: “com a possibilidade do comércio, meus vizinhos se tornam, pela primeira vez, mais valiosos vivos do que mortos”.

Não é o que se deduz do artigo “O capitalismo americano”, publicado por José Luís Fiori no Valor, em 29/08. O texto cita as duas potências campeãs do livre mercado: Inglaterra e Estados Unidos. Vejamos o que Fiori diz sobre as relações entre esses dois países e a “paz mundial”:

...nos cerca de 250 anos de história independente, os EUA iniciaram - em média- uma guerra a cada três anos, exatamente como a Inglaterra. Contando com a vantagem de ser "membro por nascimento" da pequena comunidade dos estados produtores da "ética internacional" que arbitram as "guerras justas" e o "livre-comércio".

...a "guerra contínua" teve um papel estratégico no desenho das políticas industrial e agrícola, e no desenvolvimento científico e tecnológico dos EUA; e por fim, a expansão política, territorial e bélica dos EUA foi na frente do processo de internacionalização das grandes corporações, do capital financeiro e da moeda americana.

Lembremos também as duas guerras mundiais que mataram dezenas de milhões, basicamente por disputa de mercados.

Leia também: Bancos e governos administram paraísos fiscais para minoria bilionária

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