Doses maiores

20 de agosto de 2012

Dilma é o lulismo sem a barba que Lula aposentou

Dilma Roussef tem estilo e ideias próprios. Mas ambos estão a serviço do projeto de seu padrinho político. Foi Lula quem deu a ela um mandato tampão. Um intervalo que deve possibilitar a volta do “líder das multidões” em 2014.

Em 17/08, Cristiano Romero publicou no jornal Valor a matéria “Crise econômica mundial mudou convicções de Dilma”. O texto alega que a crise levou a presidenta a fazer uma opção diferente em relação ao governo Lula: “a partir de agora, os investimentos serão liderados pelo setor privado e não mais pelo Estado”.

Na verdade, a opção entre mais Estado ou mais setor privado continua excluindo os movimentos sociais da arena política. E esta é uma característica essencial do lulismo. Os “setores organizados” servem para apoiar as medidas dos governos petistas. E só. Há muito, o MST limita-se a lamentar. E quanto ao recente pacote de privatizações, a CUT apoiou com críticas superficiais.

A reportagem cita algumas medidas duras tomadas por Dilma: aumento do superávit primário, fim da aposentadoria integral dos servidores federais, privatização dos três maiores aeroportos do país e o congelamento dos salários do funcionalismo. Diz que ela tirou tais medidas da gaveta em que Lula as esqueceu.

É verdade. Mas a amnésia de Lula foi proposital. As medidas ficaram esquecidas para que sua sucessora assumisse o desgaste de implementá-las. Lula deve voltar em 2014 como titular da posição. Mas não nos enganemos. Dilma limpou o caminho. Lula pode voltar sem usar o disfarce da barba de sindicalista e com ainda menos vergonha na cara.

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