Doses maiores

19 de junho de 2012

Rio+20, nada. UFC!

A Rio+20 caminha para o fracasso. Talvez, uma metáfora ajude a explicar a gravidade disso. Que tal uma singela luta de “Ultimate Fighting”, a famosa UFC? Como diz o nome, trata-se da luta das lutas. Da luta definitiva.

É assim: há uns 12 mil anos, a raça humana vem lutando com as leis da natureza. Até uns dois séculos atrás, apanhávamos feio. Desde então, começamos a revidar. Depois, conseguimos equilibrar o combate. Agora, demos a volta por cima e estamos batendo.

Nosso mais recente grande golpe foi uma pirueta sobre a evolução natural. Já não somos vítimas dela e de suas mutações milenares. Depois da cambalhota, somos nós que determinamos mutações. Das que acontecem em nível genético até as mais graúdas.

É o caso das próteses. Já podemos, por exemplo, escolher mutilar braços e pernas. Substituí-los por extensões bem mais eficientes. Começou pelo esporte, mas por que não usá-las em soldados e outros “profissionais especializados”?

A mais ambiciosa das próteses é o computador pessoal. Tentativa frustrada de imitar a mente humana. Apesar disso, conseguimos rebaixar nossa inteligência o bastante para nos tornar dependentes de sua burrice.

A esta fase da luta, alguns chamam de Antropoceno. A era geológica em que humanidade domina o planeta todo. Mas a fase decisiva é a capitalista. Foi aí que passamos a derrotar nosso adversário. Nós o prendemos numa chave de pernas fatal.

O problema é que ainda não nos demos conta de quem é a vítima de nossas pancadas. Não é o planeta, seu clima, sua fauna e flora. Aquela que sufoca entre nossas pernas é nossa própria espécie.

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