Doses maiores

25 de abril de 2012

Saudáveis dúvidas sobre o aquecimento global

Há uma corrente de opinião que coloca em dúvida as causas e consequências do aquecimento global. A maior parte dela é formada por quem defende interesses econômicos poderosos. São políticos, cientistas, jornalistas ligados a indústrias que teriam seus lucros reduzidos com o combate ao uso de energia com efeitos poluentes.

Mas o outro lado também pode inspirar desconfiança. É o que procura mostrar a matéria “Monotonia conveniente: a ideologia aquecimentista”, publicada na revista Contracorrente, de outubro de 2011. Seu autor é Oswaldo Sevá, engenheiro mecânico, doutor em Geografia Humana e professor da Unicamp.

Um trecho dá ideia do tamanho do problema. Trata-se da opinião de Luis Carlos Molion, meteorologista que representa no Brasil a Organização Meteorológica Mundial. Ele foi entrevistado pelo site UOL Ciência e Saúde, em dezembro de 2009. Na época, acontecia a COP 15, em Copenhague. Sobre a influência humana na mudança de temperatura do planeta, Molion afirmou:

Os fluxos naturais dos oceanos, pólos, vulcões e vegetação somam 200 bilhões de toneladas de emissões por ano. A incerteza que temos desse número é de 40 bilhões para cima ou para baixo. O homem coloca apenas 6 bilhões de toneladas, portanto as emissões humanas representam 3%. Se, nessa conferência ,conseguirem reduzir a emissão pela metade, o que são 3 bilhões de toneladas em meio a 200 bilhões? Não vai mudar absolutamente nada no clima.

Mas o que levaria tanta gente a insistir na responsabilidade humana nos problemas climáticos? Gente, inclusive, bastante poderosa, como o ex-vice-presidente estadunidense Al Gore. Cevá ajuda a esclarecer:

No início de outubro deste ano, organizamos na Unicamp um Fórum intitulado “Injustiça Ambiental e Saúde: os atingidos pela poluição do ar”, no qual pesquisadores universitários e lideranças de entidades não governamentais levaram o seu testemunho e experiência sobre o avanço dramático dos números medidos de poluição do ar (poeiras, fumaças, hidrocarbonetos, inclusive os aromáticos bastante patogênicos, gases de nitrogênio e de enxofre, precursores de chuvas ácidas e de ozônio respirável) e sobre a degradação das condições de vida de populações em áreas carboníferas, siderúrgicas e do agronegócio. Esses temas e assuntos cruciais para a saúde e sobrevivência do ambiente e da espécie humana vêm sendo obscurecidos, desprezados e omitidos pelos que, nas empresas, governos, universidades e ONGs, passaram a seguir a moda e o credo aquecimentista. Muito antes de aquecer, se é que aquece… a atmosfera está certamente sendo envenenada.

Faz sentido. É bom ficarmos de olho nesse debate. Entre os que combatem o uso dos combustíveis fósseis não há só mocinhos.

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