Doses maiores

27 de janeiro de 2012

Bancos brasileiros não estão livres da crise

Governantes, oposição tucana e grande mídia costumam dizer que os bancos brasileiros estão livres das piores conseqüências da crise mundial. Teriam sido “saneados” pelo Proer, do governo FHC. Um generoso programa governamental que destinou cerca de R$ 112 bilhões ao sistema financeiro entre 1995 e 2000.

Artigo publicado no jornal Valor em 24/01 coloca essa certeza toda em dúvida. Trata-se de “O risco externo dos bancos brasileiros”, do consultor de empresas Sílvio Figer. Entre outras coisas, o texto diz que:
...em setembro de 2008, por ocasião da quebra do Lehman Brothers, a dívida externa dos bancos brasileiros era de US$ 89 bilhões, que, em um movimento coerente com a situação de retração do mercado de crédito, foi se reduzindo até atingir US$ 63,6 bilhões em dezembro de 2009.
Mas, continua ele, a partir daí, “a tendência se inverte, com o valor atingindo US$ 103,1 bilhões em dezembro de 2010”.

Em setembro de 2011, o endividamento externo dos bancos já atingia US$ 139,7 bilhões. “Um acréscimo de 120% em um ano e nove meses!”, diz o consultor. E conclui:
O total do patrimônio líquido, do total do Sistema Financeiro Nacional (SFN), monta a R$ 458,3 bilhões (setembro de 2011). Convertendo-se a dívida externa dos bancos à taxa média de R$ 1,80, temos o valor de R$ 251 bilhões, o que representa 55% do total do patrimônio líquido do total do SFN. O mínimo que se pode dizer é que o risco está presente, apesar dos swaps cambiais. Ou, dito de outra forma: o endividamento externo dos bancos brasileiros compromete 40% das nossas reservas internacionais, de US$ 350 bilhões.
A ver se estava certo o Proer dos tucanos, hoje justificado pelo governo petista, ou se as leis econômicas do capitalismo funcionarão como de costume, beneficiando somente os muito ricos.

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