Doses maiores

17 de outubro de 2011

Os patrões como operários do apocalipse

Em 16/10, o caderno de Economia de “O Globo” perguntou se o capitalismo estaria chegando ao fim. Os especialistas consultados deram resposta negativa. E estão corretos. Não se pode falar ainda em fim do capitalismo. A crise atual se mostra cada vez mais profunda e desastrosa. Mas estamos tratando de tempos históricos, que não se deixam datar com facilidade.

O real objetivo da matéria é desmentir previsões apocalípticas que Marx nunca fez. É verdade que ele afirmou que o capitalismo deixaria de existir um dia. Como, de resto, acontece a todos os fenômenos históricos. Mas o maior problema do capitalismo não é seu fim. É que ele prepara a barbárie como sua sucessora.

Não que seja o mais cruel dos sistemas produtivos. Porém, é o mais contraditório e perigoso deles. Seu funcionamento cria riquezas em volume nunca visto, mas é incapaz de distribuí-las. Sua tecnologia é espantosa, mas está em rota de colisão com as forças naturais.

Trata-se um sistema que se desenvolve gerando contradições insuperáveis para si mesmo. Na época de Marx, elas eram mais visíveis no nível social. Hoje, elas atingem também os limites ecológicos. Colocam em risco a vida da grande maioria da raça humana e de muitas outras espécies.

Deixado por si mesmo, o capitalismo levará a humanidade à ruína. Por isso, Marx dizia que seu fim tem que ser produto da ação humana consciente. Daí porque seus melhores seguidores sempre foram soldados da revolução, não operários do apocalipse. Este papel cabe aos patrões, que controlam o sistema e dele se beneficiam.

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