Doses maiores

4 de julho de 2011

Às companheiras do século 19

Irmãs de luta, estou no século 21. Não sei como vim parar aqui. Não importa. Descobri coisas maravilhosas. Aqui, no futuro, parece que aquilo por que tanto lutamos está mais próximo.

As mulheres conquistaram o sufrágio universal. Podem eleger e podem ser eleitas. Ocupam vários cargos nos parlamentos e governos do mundo todo. Também estamos presentes nas artes, esportes, na ciência, na indústria. Certamente, podemos ficar orgulhosas. Tudo isso aconteceu graças a nossas lutas.

Infelizmente, restam muitos problemas graves. Não são apenas os salários menores que recebemos, mesmo tendo escolaridade igual ou superior à dos homens. Nem a dupla jornada de trabalho que teima castigar as mães trabalhadoras. Muitas das governantes que elegemos também não são exemplos animadores.

O pior são os preconceitos morais que continuam a nos vitimar. Vejamos um exemplo simples. Um homem casa com uma mulher com origem social inferior à dele. Pode até haver alguma desaprovação. Mas, no máximo, trata-se apenas de uma escolha pouco sensata.

Já não é caso quando uma mulher se casa com um homem mais pobre que ela. Pior ainda, se ele tiver boa aparência. Neste caso, a mulher cedeu a seus instintos sexuais. É praticamente uma escrava do cio. Uma vadia cegada por seus desejos de fêmea.

É triste ver tantos avanços tecnológicos e culturais convivendo com preconceitos tão ancestrais! Parece que ainda teremos que lutar muito para acabar com o machismo. Apesar disso, tenho muitas esperanças. Somos cada vez mais ousadas.

Encerro por aqui esta carta. Prometo voltar a escrever. Preciso apressar-me para o treino do esporte que adotei nestes novos tempos. É o futebol!

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