Doses maiores

25 de fevereiro de 2011

A cor da violência

Belo Horizonte, dia 19/02. Jéferson Coelho da Silva, 17 anos, e Remilson Veriano da Silva, 39 anos, foram mortos pela polícia na favela Aglomerado da Serra. Ambos eram negros. Foi o bastante para que parte dos 50 mil moradores do local iniciasse uma rebelião que durou três dias. A população local alega que as mortes foram resultado de execução. As primeiras investigações confirmam a suspeita.

Quatro dias depois do episódio, foi lançado o Mapa da Violência 2011. Os dados mostram que o caso de Belo Horizonte é só mais um entre muitos. Segundo o estudo, o número de assassinatos caiu. Mas, só para os brancos.

Entre os brancos, o número de mortos era de 20,6 por 100 mil habitantes, em 2002. Caiu para 15,9, em 2008. Em 2002, foram 30 homicídios para cada 100 mil negros. Em 2008, esse número pulou para 33,6. Remilson sentiu esse aumento em sua pele negra.

A pior situação é verificada entre os jovens. A taxa de homicídios caiu 30% para brancos de 15 a 24 anos. Mas, para pretos e pardos na mesma faixa etária, subiu 13%. A morte de Jéferson ajuda a reforçar essa estatística terrível.

Detalhe: estes números não incluem os “autos de resistência”. Trata-se da forma legal que muitas vezes esconde assassinatos cometidos pela polícia. Não passam de homicídios como quaisquer outros. E atingem principalmente os não brancos.

O racismo à brasileira diz que basta melhorar as condições sociais para beneficiar a população negra. Não é o que dizem os números acima. O preconceito de cor continua forte e faz cada vez mais vítimas.

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